CHAMADA PARA TRABALHOS CALL FOR WORKS
INTERSTÍCIOS AUDIOVISUAIS: REFLEXÕES SOBRE FOTOGRAFIA E SOM
AUDIOVISUAL INTERSTICES: REFRAMING PHOTOGRAPHY AND SOUND
[PORTUGUÊS]
A REVELAR – Revista de Estudos da Fotografia e da Imagem está a receber trabalhos para o volume 7 (2022). A presente edição, dedicada ao tema Interstícios Audiovisuais: Reflexões sobre Fotografia e Som, aceita trabalhos nas seguintes modalidades:
— Artigos científicos
— Recensões (livros, ensaios e exposições de fotografia)
— Ensaios de fotografia (aberto a fotógrafos profissionais e amadores)
— Varia
Quando refletindo sobre a relação entre fotografia e som, Angus Carlyle (2016)[1] traçou afinidades entre as práticas de field recording [captura sonora de campo] e as do Movimento Nova Topografia, uma vez ambas, no contexto da sua atuação na paisagem, compreenderem os conceitos de ‘quietude’ e de ‘imersão’. Baudrillard, na sua obra America (1988), oferece uma leitura sobre a visualidade do silêncio, sobreposta às sonoridades evocada nos contornos das formas numa imagem: «o silêncio do deserto é visual»[2]. De facto, um olhar sobre o espaço que nos envolve oferece uma leitura dos silêncios/ruídos que os definem, e onde a presença/ausência da figura humana atua como um espelho de intimidade e uma escala que acentua a extensão do lugar, sendo este natural ou construído. Na verdade, são vários os fotógrafos, videógrafos, cineastas e artistas (áudio)visuais que têm explorado esta dimensão.
Porém, a relação entre som e imagem, em fotografia, compreende aceções além da fruição do lugar e da paisagem. A sincronia som-imagem pode ser entendida enquanto um exercício sobre a visualidade do som – assim como a ‘sonoridade’ da imagem – que nos permite questionar o médium, na qualidade de um documento indissociável do contexto da Cultura Visual em que se insere. É na qualidade de objeto, sujeito ao ‘apagamento’ e à preservação do ‘ruído’ material, que Christoph Cox (2001)[3] garante a relação entre fotografia-som. Logo, importa também refletir sobre as valências hápticas, assim como as questões sobre materialidade e sinestesia que o eixo fotografia-som encerra.
Torna-se, assim, pertinente questionar: o que define uma imagem? De que forma a fotografia concretiza instruções visuais para a experiência sónica? Podemos falar de sinestesia quando a relação som-imagem materializa significado? Pode o significado ser dependente da capacidade transversal de transmissão de referências e da literacia de um sistema sígnico visual? E quais as leituras quando o campo é alargado ao discurso entre a fotografia e a música?
Nesse sentido, convidamos fotógrafos e académicos em Estudos Visuais, assim como investigadores em áreas como História da Arte, Música e Arquitetura, a oferecer as suas considerações interdisciplinares sobre fotografia e som visual: por um lado, no respeitante à paisagem (sonora) enquanto um documento audiovisual; por outro, naquilo que concerne a materialização do som enquanto um exercício visual e o seu papel na cultura visual contemporânea e respetivas manifestações transmediais. Partindo do enquadramento proposto, pedimos trabalhos dedicados aos seguintes subtemas, nomeadamente:
— A relação entre fotografia e som: o registo transmedial do som e da luz.
— Um novo olhar sobre o Movimento Nova Topografia: capturando paisagens sonoras, atmosferas e o sentido de lugar em ambientes alterados pelo homem.
— Arquiteturas do som: tessituras do espaço sonoro e representações do som no espaço.
— Fotografia enquanto textura sonora: metáforas, materialidade e significado.
— O espaço luminar e o registo do tempo, ritmos e transferências.
— Construindo a imagem sonora: do osciloscópio à sinestesia.
— O papel da fotografia nas edições musicais: literacia visual e a orquestração de uma imagem através das capas de álbuns.
— A visualização da música: estética, imagem fotográfica e videoclipes.
— Identidade visual e idiomas musicais.
Convidamos todos os interessados a ler as políticas de submissão disponíveis em linha.
Os artigos deverão ser submetidos até ao dia
30 de junho de 2022 através da plataforma OJS que carece de registo, através da seguinte hiperligação: https://ojs.letras.up.pt/index.php/RL/user/register
A deliberação de revisão científica e aceitação será comunicada até setembro de 2022, com publicação prevista para dezembro de 2022.
[ENGLISH]
REVELAR – Journal of Photography and Image Studies is open to works for volume no. 7 (2022). This edition, dedicated to the theme Audiovisual Interstices: Reframing Photography and Sound, will publish works in the following modalities:
— Scientific papers
— Reviews (on books, essays or photography exhibitions)
— Photo-essays (open to both amateurs and professional photographers)
— Varia
When addressing the relationship between photography and sound, Angus Carlyle (2016)[1] drew affinities between field recording practices and those of the New Topographics movement, given that both regard stillness and immersion within the landscape. In his work America (1988), Baudrillard offers a reading on silence, juxtaposed to the sonorities the contours of an image can evoke: «the silence of the desert is a visual thing»[2]. Framing our spatial surroundings can indeed allow us to map the silences and noises that shape them, where the presence/absence of the human figure can act as a mirror of intimacy and a scale that accentuates the dimension of the place, whether natural or constructed. In fact, numerous photographers, videographers, filmmakers and visual – and sound! – artists have explored this concept.
However, the relationship between sound and image, in photography, entails values beyond the fruition of the place and the landscape. The sound-image synchrony can be understood as an exercise on the visualisation of sound – as well as the ‘sonority’ of the image – that substantiates the approach on the medium as a document indissoluble from its cultural context. It is the object itself, subjected to ‘loss and erasure’ and preservation of the material ‘noise’, that Christoph Cox (2001)[3] establishes as the key-element to the relationship between photography and sound. Therefore, it is relevant to also consider the haptic qualities, as well as the questions on materiality and synaesthesia that the axis photography-sound confines.
It becomes pertinent to question: what is an image? In what way do photographs act as visual instructions to the sonic experience? Can we discuss synaesthesia when the sight-sound relationship renders meaning? In what manner is meaning dependent on visual literacy and the transmission of references? And what approaches can be devised when the scope is amplified to the discourse between photography and music?
We thus invite Photographers and Visual Studies scholars, but also researchers in fields such as Art History, Musicology and Architecture, to offer an interdisciplinary approach to photography and visual sound: on the one hand, as the fruition of the soundscape/landscape as an audio-visual document; on the other, as an exercise on the visualisation of sound and its role in contemporary visual culture and its transmedial manifestations. The key topics we wish to propose for discussion are:
— The relationship between photography and sound: transmedial capture of sound and light.
— Reframing the New Topographics Movement: capturing soundscapes, atmospheres, and sense of place in man-altered environments.
— Architectures of Sound: representations and perceptions of space and sound.
— Photography as a sonic texture: metaphors, materiality and meaning.
— The luminal space and the capture of time, rhythms, and transferences.
— Framing visual sound: from oscilloscopes to synaesthesia.
— The role of photography in publishing music: visual literacy and the orchestration of an image via album covers.
— Visualisation of music: aesthetic, photographic image, and music videos.
— Visual identity and musical idioms.
[1] Source: The Photographic Review, Issue 85 ‘Photography and Sound’ (Spring 2016)
[2] Baudrillard, Jean. America. (London: Verso, 1988), 6.
[3] Cox, Christoph. “Seeing Sounds, Hearing Images”, Audible Imagery: Sound and Photography [exhibition catalogue] (Chicago, Museum of Contemporary Photography, 2001).
Should you wish to send your contribution, please read the policies on our submission guidelines available online.
All works must be submitted until June 30 2022 through the OJS platform that requires registration via the following link: https://ojs.letras.up.pt/index.php/RL/user/register
Peer-review deliberation and acceptance will be announced until September 2022; issue to be published in December 2022.
Editor Nuno Resende (CITCEM/FLUP)
Organizadores do volume Ana Macedo Lima (FLUP)
Editorial assistants Andréa M. Diogo (QU-Belfast, FLUP)
Imagem
Cover Andréa Diogo. Traveling North. Malahide, Irlanda. Prova digital a cores, 01.02.2022.
REVELARjournal@gmail.com
Departamento de Ciências e Técnicas do Património
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Via Panorâmica, s/n
4150-564, Porto
Portugal
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